segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A BELEZA DE UM AMOR QUE (QUASE) NUNCA DÓI.

Gosto de fechar os olhos e rever nossa
história antes de dormir. Faço isso quase toda noite, em vez de contar
carneirinhos. Gosto de construir toda a linha do tempo, desde antes de você. Engraçado pensar que eu vivi tantos anos sem te conhecer e
fico tentando inutilmente imaginar se já não teríamos nos cruzado por alguma
esquina dessa cidade. Mas acabo sempre achando que não. Não entendo como uma
cruzada de olhares ficaria difícil adivinhar que você teria tudo aquilo pelo
qual eu me apaixonaria.
E me apaixonei. Não uma ou duas vezes. Tenho
vivido um estranho processo de me re-apaixonar e querer me re-apaixonar todos os dias. Acontece sempre que fico te
olhando trabalhar concentrado em alguma ideia. Ou quando ri de mim e me chama
de boba. Ou quando chega na cama quando já estou dormindo e me empurra bem pra
pontinha da cama, apesar dos meus gemidos ranzinzas.
Na linha do tempo que mentalmente traço toda
noite, fico tentando lembrar desses detalhes porque tenho medo que o tempo
apague alguns deles, preciosos e raros. Faço um esforço mental pra me lembrar
todos, porque não quero desperdiçar nenhum deles, e sempre me surpreendo ao
perceber como uma parceria pode gerar tanta coisa. Até as nossas discussões,
que muitas vezes viraram brigas, ficam na memória como aprendizado, porque elas
sempre terminam em aprendizado, daqueles que sem dúvida valem mais do que um
semestre de aula de filosofia na faculdade.
E nesse processo de construção da nossa
história, lembro de muitas coisas, como aquele dia que fomos assistir um show
de uma banda que você nem conhecia e hoje virou fã de carteirinha
E teve aquela vez em que fomos pra uma boate
estranha com gente esquisita e eu ganhei de você no último lance da sinuca em uma
bola muito improvável.
Ou daquele carnaval em que passamos quase
todos os dias dormindo juntinhos – de conchinha - e eu só queria que o relógio
contasse ao contrário para que todos os dias virassem noites e eu poder ficar
mais um pouquinho com você.
Teve aquela vez em que no meio de uma super
festa em um sítio, eu me empolguei na cerveja e você ficou pirado porque eu não
fiquei muito afim de fazer aquele “sexo animal” que tanto ansiávamos e mesmo
assim fizemos e – mesmo sem me lembrar de muita coisa – eu tenho certeza de que
foi bom.
A nossa linha do tempo está recheada de
muitas outras histórias como essas – volta e meia surge uma nova na lembrança e
eu a revivo, detalhe por detalhe, pra ter certeza que não vou desperdiçar mais
esses momentos da vida. Hoje, analisando esses 2008 dias juntos, tento entender
a razão de tanta compatibilidade, de tanto sentimento e só consigo imaginar que
nos completamos tanto porque somos dois inteiros e não duas metades em busca de
uma tampa pra panela. E que é sempre tão bom estar com você porque temos plena
consciência de que nada é eterno se quisermos que dure, precisamos nos cuidar
todos os dias. E porque você consegue despertar o que há de melhor em mim e eu
consigo despertar o que há de melhor em você, sem a pretensão de sermos dono um
do outro – queremos, em vez disso, sermos eternos parceiros, enquanto a
eternidade subjetiva da vida permitir. Dessa forma, quero te pedir mais uma vez
a oportunidade de viver sem tabus, a beleza de um amor que (quase nunca) não é
dor.
Adaptado. Barbosa, Jaque. A beleza de Um Amor que Não É Dor.
13 de fevereiro de 2012 Extraído em 14 de
fevereiro de 2012.

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Do que eu viver.

É preciso força pra sonhar e perceber que a estrada vai além do que se vê...''